Monday, June 23, 2008

ALGUÉM QUE SONHA

Um olhar razoável sobre a questão,
É o que esperam como doação.
Ilusão aprovável, pois faz jus,
À maleável ação de quem seduz.
Aceitam de forma fácil o fácil;
Efemeridade que dura muito tempo...
Sem tempo pro alento,
Sendo que o luto é carregado por um monte de cruz (e credo)
De fé morta,
Recomposta por uma borboleta cinza
Que passa sem avivar a memória,
E se o faz,
Desfaz,
O encanto da cor rósea.


Sendo o cinza a verdade verdadeira da história de outrora,
Quando contavam que o pó da asa nos deixaria cegos,
Ou ainda: que era uma bruxa a tal cinza que voa!

Voando com o olhar
do pequeno a acompanhar
suas batidas
voa bela e exuberante
mas deixa medo no seu rastro cegante
em gargalhadas bruxescas
que mexem na espinha da gente

E assim vai a verdade a escorrer,
A transcorrer o limite da vaidade,
Sendo que a verdade
É cinza demais
Para alguém que olha para o alto,
E se vê lá embaixo,
Como alguém a sonhar.

Friday, June 20, 2008

A COISA EM SI

Qualquer que seja a coisa
Ou a não-coisa
Estaremos por aqui
Nessa mania de tentar ser coisa-em-si
Freneticamente em-si
Para poder sonhar no fora-de-si
Se espelhando no-ser-em-outro
Acreditando que estamos no-outro-e-pelo-outro
E, dessa maneira, enfim, felizes
O que não deixa de ser cômico-trágico
Como uma ansiedade mesclada à nostalgia de nós-mesmos
Que se torna, em ritmo roseano,
Numa ansialgia
Ansialgia de um tempo-em-si-mesmo que não volta
E que está preso
Em algum lugar desse alguém-em-si
Que somos nós-mesmos aqui e ali