Friday, June 20, 2008

A COISA EM SI

Qualquer que seja a coisa
Ou a não-coisa
Estaremos por aqui
Nessa mania de tentar ser coisa-em-si
Freneticamente em-si
Para poder sonhar no fora-de-si
Se espelhando no-ser-em-outro
Acreditando que estamos no-outro-e-pelo-outro
E, dessa maneira, enfim, felizes
O que não deixa de ser cômico-trágico
Como uma ansiedade mesclada à nostalgia de nós-mesmos
Que se torna, em ritmo roseano,
Numa ansialgia
Ansialgia de um tempo-em-si-mesmo que não volta
E que está preso
Em algum lugar desse alguém-em-si
Que somos nós-mesmos aqui e ali

2 comments:

Unknown said...

Fantástico, André!
E quão bakhtiniano me tem saído, rapaz!?!
Começo a pensar q alguns, como é o seu caso, o caso de bons poetas como vc, nascem bakhtinianos sem saber e tomam consciência disso ao estudar e ler os textos do Círculo russo! Mãos à obra então...Escolha a pílula vermelha e delicie-se consigo-mesmo nas palavras do outro-em-si para tornar-se "coisa-em-si"-no-outro...ser-em-si! Bjs, Lu.

Anonymous said...

Maravilhoso..Gostei demais das breves colocações a fim de envolver o pensamento em hipóteses...seu poema é cheio de reflexões....Parabéns, André.

Rosefly